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Porto Feliz
Onde a História do Brasil Navega

Conheça Porto Feliz: História, Cultura e Tradições às Margens do Rio Tietê

Porto Feliz é um destino que carrega em suas raízes a própria história do Brasil. Localizada a pouco mais de 100 km da capital paulista, a cidade nasceu às margens do Rio Tietê, em um ponto estratégico que, desde o século XVII, já atraía viajantes e exploradores.

Tudo começou em 1693, quando o português Antônio Cardoso Pimentel decidiu se estabelecer na região, trazendo consigo familiares e trabalhadores. Naquela época, o local era conhecido pelos povos indígenas guaianazes como Araritaguaba, que significa "lugar onde as araras bicam pedra para comer", uma referência às aves que habitavam um paredão salitroso nas margens do rio.

Inicialmente um pequeno povoado rural voltado à agricultura de subsistência, Araritaguaba ganhou importância com a descoberta de ouro em Mato Grosso e Goiás, no início do século XVIII. Isso transformou a região em um ponto de partida para expedições fluviais chamadas Monções, que navegavam pelo Rio Tietê rumo ao interior do Brasil em busca de riquezas. Essas viagens longas e perigosas acabavam sempre com muita emoção no retorno – e foi daí que surgiu o apelido carinhoso do porto: Porto Feliz, em homenagem ao reencontro feliz entre os viajantes e suas famílias.

A importância histórica da cidade é tanta que, em 1826, foi daqui que partiu a famosa expedição científica russa liderada pelo Barão de Langsdorff, rumo à Amazônia.

Com o passar dos anos, o povoado foi crescendo. Em 1728, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Penha de Araritaguaba, depois renomeada para Nossa Senhora Mãe dos Homens. Em 1797, o local foi elevado à categoria de vila com o nome que mantemos até hoje: Porto Feliz. Em 1858, tornou-se oficialmente cidade.

Outro destaque é a diversidade de culturas que formaram a identidade porto-felicense. Ao longo dos séculos, imigrantes de várias partes do mundo – Itália, Portugal, Espanha, Bélgica, França, Holanda, África, Síria e Líbano – ajudaram a construir o que Porto Feliz é hoje.

Gastronomia

A cearense é o prato típico de Porto Feliz, criado de forma improvisada por volta de 1950. Segundo relatos, pescadores locais, ao procurarem mantimentos em um domingo, encontraram apenas feijão, carne bovina, cebola e tomates. Cozinharam os ingredientes juntos e, ao provarem o resultado, comentaram que lembrava “comida de cearense” — nome que acabou batizando o prato.

Com o tempo, outros ingredientes foram incorporados à receita, aprimorando seu sabor. Hoje, a cearense é um prato suculento e tradicional, reconhecido oficialmente por lei municipal como símbolo da culinária local.

Integração ao Roteiro dos Bandeirantes

Atualmente, Porto Feliz integra o consórcio turístico Roteiro dos Bandeirantes, um itinerário turístico do estado de São Paulo criado em 2003. O percurso tem início na cidade de Santana de Parnaíba e passa por Pirapora do Bom Jesus, Araçariguama, Cabreúva, Itu, Salto, Porto Feliz, finalizando em Tietê.

Entre as atrações destacam-se os centros históricos das cidades participantes, reservas ambientais, trilhas e caminhos ecológicos, diversidade gastronômica, museus, fazendas centenárias, tudo margeando o Rio Tietê e seguindo os antigos trajetos percorridos pelos bandeirantes.

Parque das Monções

O Parque das Monções, com mais de cem anos de história, é um importante espaço dedicado à preservação do patrimônio histórico, cultural e natural que foi criado em homenagem às expedições dos bandeirantes e reúne diversos monumentos que resgatam a memória do passado regional.

Reconhecido por sua relevância histórica e geológica para o Estado de São Paulo e para o Brasil, o parque é tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

Além de receber visitantes locais, o parque é amplamente frequentado por estudantes e pesquisadores das áreas de História, Turismo, Geologia, Biologia, Meio Ambiente e cursos profissionalizantes ligados ao setor turístico, vindos de São Paulo e de outros Estados.

Principais atrações do Parque das Monções

Paredão Salitroso
Formado por impressionantes estruturas rochosas, o Paredão Salitroso é um dos principais atrativos do Parque das Monções. Apresenta depósitos naturais de salitro que, no passado, serviram como ponto de referência para expedições. Considerado um monumento natural, era também um dos locais onde araras costumavam ser avistadas. Estudos científicos indicam que a área, atualmente no município de Porto Feliz, esteve submersa há cerca de 300 milhões de anos, quando fazia parte do fundo do mar. O sítio é reconhecido como um patrimônio geológico singular, preservando registros valiosos de processos como sedimentação e erosão. Por sua relevância, é frequentemente visitado por universidades e grupos de pesquisa interessados em compreender fenômenos geológicos de eras antigas, incluindo períodos glaciais.

Monumento às Monções
Conhecido como "Pastelão do Parque das Monções", o monumento em Porto Feliz (SP) foi construído em 1920 em homenagem aos bandeirantes e monçoeiros. Sua escadaria monumental e esculturas em bronze retratam as primeiras expedições que desbravaram o interior do Brasil. Idealizado pelo historiador Afonso d’E. Taunay e esculpido pelo artista italiano Amedeo Zani, o monumento é um marco da história regional. Localizado dentro do Parque das Monções, o espaço remonta à época das grandes explorações fluviais, embora a tradição que celebra tenha origens muito anteriores à sua construção.

Gruta de Nossa Senhora de Lourdes
Espaço de devoção e contemplação, a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes atrai visitantes em busca de momentos de fé e reflexão. Inspirada na gruta homônima da França, foi construída por sacerdotes franceses Alexandre Hourdeau e Vitor Maria Cavron, que identificaram semelhanças entre os dois locais. Escavada no paredão salitroso com uso de dinamite, a gruta foi inaugurada em 15 de agosto de 1924, durante a celebração da padroeira, Nossa Senhora Mãe dos Homens. A obra contou com apoio popular, por meio de doações, e é considerada uma réplica fiel da gruta francesa.

Batelão
O batelão é uma embarcação tradicional construída a partir do tronco de peroba ou ximbina, madeira utilizada pelos povos indígenas da região. Com cerca de 12 metros de comprimento, 1,65 metro de largura, 1,15 metro de profundidade e 0,65 metro de espessura, era amplamente empregada pelos bandeirantes nas monções — as expedições fluviais que adentravam o interior do Brasil.

Vista para o Engenho Central (desativado e fechado para visitação)

A produção de açúcar foi a base da economia brasileira por mais de cem anos. No final do século XVIII e início do XIX, a indústria açucareira da Província de São Paulo se concentrava no “quadrilátero do açúcar”, que incluía Porto Feliz. A modernização dessa indústria com ferrovias só ocorreu após 1875, com a implantação dos “engenhos centrais”. O Engenho Central de Porto Feliz, terceiro do tipo no Brasil e o primeiro da Província de São Paulo, foi inaugurado em 1878, às margens do Rio Tietê. Tinha capacidade para moer 125.000 kg de cana e produzir 7.500 kg de açúcar por dia, além de aguardente.

Inicialmente, a cana chegava por barcaças. Depois, construiu-se uma via férrea de 3 km com tração bovina. A área da fazenda passou de 7 para 480 alqueires e aumentou com a Societè de Sucréries Brésiliènnes. A Fazenda Engenho D’Água, do outro lado do rio, construiu uma ponte de ferro para transporte da cana por carroções e locomotivas. Para escoar o açúcar, usavam-se duas estações ferroviárias: Itu (para São Paulo) e Boituva (para o interior), ambas a cerca de 20 km de distância, com transporte em carroções puxados por oito bois — viagens que duravam de três a quatro dias. Em 1920, foi inaugurado o ramal ferroviário Porto Feliz–Boituva.

Hoje propriedade particular, o Engenho Central funcionou por mais de um século, passando por transformações industriais, mas encerrou suas atividades em 1991 devido à concorrência e à instabilidade econômica do país.

Museu Histórico e Pedagógico das Monções

O Museu das Monções, também conhecido como Museu Histórico e Pedagógico das Monções, foi fundado em 1963 e é considerado uma das principais referências culturais do município. Seu acervo inclui documentos, mapas e livros, com destaque para temas relacionados às monções e à história local, já que Porto Feliz foi um importante ponto de partida para expedições fluviais.

O museu está instalado no Sobrado Coronel Esmédio, tombado pelo CONDEPHAAT em 1982. Em 1846, o casarão recebeu a visita de D. Pedro II, o que lhe conferiu o status de "casa real".

Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens

A construção da igreja teve início em 1750. O edifício, de estilo barroco, é considerado uma joia do interior paulista, tendo sido erguido em taipa de pilão. A construção preserva altares ornamentados nos estilos rococó e joanino. As paredes do altar-mor são decoradas com azulejos pintados em 1974 pelo artista italiano Bruno de Giusti (1920–2011), retratando passagens importantes da história de Porto Feliz.

Casa da Cultura

A Casa da Cultura “Dona Narcisa Stettener Pires” foi construída no início do século XIX e inicialmente serviu como armazém. O edifício, representativo da arquitetura urbana da época, foi construído em taipa de pilão e pau-a-pique. Ao longo do tempo, abrigou a Biblioteca Municipal e a Diretoria Regional de Ensino, mas permaneceu desocupado por alguns anos. Em 2000, o prédio foi revitalizado e passou a sediar a Casa da Cultura.

Monumento dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil

O Monumento dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, localizado no Largo da Penha (Praça Duque de Caxias), em Porto Feliz, é representado por um globo com a cruz portuguesa, simbolizando as navegações e a participação da cidade na formação do país. Inaugurado no ano 2000, o monumento foi um presente para Porto Feliz, em reconhecimento à sua relevância na história brasileira. Sua estrutura, em forma de globo com a cruz portuguesa, remete às grandes navegações realizadas por Portugal.

Casa da Alfândega (Antigo Restaurante do Beline)

Fundada em 1953, a Casa da Alfândega está localizada no Largo da Penha e representa um marco histórico. Porto Feliz, originalmente denominado Porto de Araritaguaba, foi passagem obrigatória dos exploradores rumo ao Mato Grosso e a Goiás em busca de minas de ouro, no século XVII. A povoação ganhou impulso com a chegada de novos habitantes em 1721, sendo suas atividades voltadas principalmente ao funcionamento do porto.

Durante o período das bandeiras, o ouro vindo de Goiás e Mato Grosso era pesado na antiga casa da alfândega. A quinta parte desse ouro era recolhida como imposto destinado a Portugal, originando a expressão “quinto dos infernos”, em alusão à rejeição popular a esse tributo.

A construção, em taipa de pilão, possui cobertura em duas águas, com grandes portas e janelas azuis — características típicas da arquitetura urbana do século XVIII. Está implantada no alinhamento frontal do lote, geminada em ambas as laterais. As madeiras originais da cobertura e dos assoalhos ainda se conservam. O prédio foi tombado pelo CONDEPHAAT Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) em 26 de junho de 1979.

Antigo Prédio do Fórum e Cadeia

Este imponente edifício foi construído em 1910 e está situado no Largo da Penha, local onde foi erguida a Capela em louvor à Nossa Senhora da Penha, que deu origem à Freguesia de Araritaguaba, mais tarde transformada na cidade de Porto Feliz.

A construção, representativa da antiga arquitetura brasileira, abrigou por muitos anos a cadeia pública no andar térreo e o Fórum da Comarca no piso superior. A Comarca de Porto Feliz foi criada pela Lei nº 8, de 7 de fevereiro de 1885, e, a partir de 1910, o Fórum passou a funcionar nesse prédio.

Biblioteca Municipal e Arquivo Municipal de Porto Feliz (Antiga Estação Sorocabana)

O edifício, construído em estilo inglês no ano de 1920, serviu originalmente como sede da Estação do Ramal da Estrada de Ferro Sorocabana, que fazia a ligação entre Porto Feliz e Boituva, então seu distrito. Com a desativação do ramal em 1960, o prédio passou a abrigar a Biblioteca Pública Municipal "Dr. Cesário Motta Júnior" e o Arquivo Municipal "Sérgio Buarque de Holanda".

Endereço

Avenida Monsenhor Seckler, 771 Centro Porto Feliz - SP

Contato

(15) 99611-2703
terezapolaz@yahoo.com.br

Ministério do Turismo

N. Cadastro 61.187.615/0001-63
Certificado CadasTur